viernes, 23 de octubre de 2009

À um passo

Um passo mais à beira do abismo
Já tão perto um vôo ao esquecimento
Ao olvido de teu olhar, teu sadismo
Ao fim de tão dorido tormento

Mas esquecer é também vil ilusão
Pois minh’alma em ameno purgatorio
Sofrerá cada funesta recordação
Do que em vida foi poeta merencorio

E sigo, um passo mais sem destino
Com lembrança de amores d’outrora
Sentimento que me levou ao desatino

À vagar errante como faço agora
Sofrendo tão cruel suplicio
Esperando ultimo passo que tanto demora

A jovem morta


Recorda-me

Se vás a recordar-me te peço então
Lembre-se só do triste verso escrito
De como esperei chorando e aflito
E inda sem culpa supliquei seu perdão

Lembre-se do amor sepultado
Ante seu olhar frio e distante
Lembre-se desse tão funesto instante
Se vás a recordar o poeta apaixonado

Lembre-se apenas do tétrico suplício
Do amor, tão só outra dor, triste vício
Do amor que fingías, tão cruel hipocrisia
Das palavras falsas, promessa vazia

Se vás a recordar-me te peço então
Que seja numa fria noite de solidão
Lembre-se que por ti estarei em cova fria
E nem em sepulcro esquecerei tão vil ilusão

Rosa


jueves, 22 de octubre de 2009

Verso Equivocado

Venha pelo triste caminho sepulcral
Siga o rastro de sangue podre no chão
Veja o mortiço poeta que implora perdão
Na macabra noite infernal

Venha ver o maldito poeta
Que escreveu um verso equivocado
E em funesta hora incerta
Ao dorido tormento foi condenado

Venha ver a tétrica aflição
Que martiriza o poeta apaixonado
Em leito de morte inda implora perdão
À um coração tão amargurado

Veja que caminhou em vão
O poeta já foi sepultado
Escreva em sua lápide então
“Poeta, estás perdoado”

Teu sepulcro

Entre, poeta, que a cova é tua
Que outro lugar tens pra ficar?
Irás vagar morto por esta rua?
Ou apodrecer perdido no mar?

Entre, poeta, que é teu este sepulcro
Não podes fugir de teu destino
Não vês que te aproximam os vultos?
Funesto demonio te sorrindo

Entre, poeta, é o fim desta loucura
Começa agora o novo tormento
Que queres inda nesta vida impura

Deixe tuas poesias ao esquecimento
Deixe teu corpo ao verme ao tempo
Apodreça, poeta, é tua sepultura

Calix


Exílio Fúnebre

Venha por mim que tão só agonizo
Veja o que resta de minh’alma exilada
Já não existe o pranto nem riso
Em funesta vida tão logo extirpada

Reze por mim que não vejo seu Deus
Nem espero no fim extrema unção
Quem me traz vil mortalha é legião
Buscando alma sórdida do poeta ateu

Chore por mim que estou sepultado
Mas não viva em mórbido tormento
Sofra a desgraça apenas um momento

Morra por mim e apodreça a meu lado
E o lóbrego lamento estará no pasado
Juntos por fim no esquecimento

Cuervos


Outra Noite

Mais uma soturna noite… de sangue e inspiração
Só a lua testemunhou meu pranto
Outra noite que sangrei em vão…
Esse sangue já é pouco pra mim e é tanto
Que mancha o leito mortuário
Marca o funesto fadário
Mas ainda é pouco pra tanta aflição.

Mais uma noite que estás à meu lado
E te sinto tão distante
Como os mortos… perdidos no lago
Com teu olhar vazio
Esse amor sepultado
Melhor seguir errante
Meu cruel fadário
Voltar a ser um poeta solitario.

Mais uma noite que quería estar só
Tão só como me sinto
E neste lóbrego momento
Sangrar num ultimo lamento

Mas este martírio é infindo
E é infindo o sentimento
Infinda agônia
Na sombria depressão
Tão só outra noite fria como tantas então
Outra noite soturna… de sangue e solidão

Rosa dos Ventos


Meretriz

Que queres de mim vil meretriz
Tirar-me de meu antro pútrido
Por que queres me ver tão lúcido?
Deixe-me apodrecer infeliz

Já agonizei sob esta luz
Me iludi neste torpe delirio
Mas voltei pro meu bom martírio
Minha vida entre vermes e pus

Deixe-me morrer sozinho
Que até minh’alma é morfética
Não venha à minha cova fétida
Não passe por esse caminho

Creías, não foi isso que eu quiz
Não devias ver minha loucura
Esqueça minha sepultura
Me esqueça, minha meretriz

Poeta Maldito

Por que partiu o poeta sem destino?
Se a cada passo um novo tormento?
No caminho dos mortos não há esquecimento
Por que segues caminho infindo?

“Já não vejo outro caminho!
Entre cristal e ouro branco
Vem o cálice de vinho…”

“Vejo sombras da noite
Que me vigiam desde afora
Vejo um anjo triste
Que de tão triste não chora
Só senti comigo a dor
Das feridas de outrora”

Por que partiu o poeta maldito
Buscando cova mais distande
Pra escrever um ultimo verso aflito
Por uma vida vil tão errante?

“Já não vejo a poesia
Que me escrevia a depressão
Palavras tão vazias
Que sangrei quase em vão”

“Já não vejo a beleza sombria
Que a dor triste revelou
Nem sinto a face inerte e fria
De quem em vida me amou”

Por que é o poeta tão mórbido?
“a hora fúnebre se aproxima enfim”

Quem levarás a sepulcro sórdido?
“Já não há quem chore por mim”

Onde morreu o poeta solitario
Que tanto sangue derramou pelo chão?
“Encontrei meu manto mortuário
Tã perto de um vulcão”


Por que ao poeta mais cruel calvario?
Por que sofres cada vil momento?

“É tão funesto fadário
Mas já em meu mortiço alento
Depois de viver sepultado
Sepulto aqui meus sentimentos”

Os Anjos


Solitude

“Minh’alma enlouquecida
Morta em vida maldita
Foste tu, inspiração vazia
Foste tu, solidão sombria
Sepultaste viva minha vida
Arrancaste de mim minh’alma ferida
Deixaste a face
Serena e fria”

-Olhas teu corpo, morto, pútrido
Olhas tua vida ante o sepulcro
Vejas em teu rosto, em tua mão
É teu sangue derramado em vão

-Não há vida em teus versos
Em teus olhos meus infernos
Do lindo jardim d’outrora
Um leito frio no cemitério
O anjo do canto funéreo
Ante a melodía viva d’aurora

“Mas inda vivo a solitude
Na vastidão de um mundo ermo
Um deus maldito me ilude
Mas o arcanjo caído se mostra enfermo
Foste tu, razão do martírio
Foste tu, falso delirio
Funesta solidão na melancolía
Amiga morte da minha poesia

-Vê-te, teu corpo envolto ao sudário
Vê-te no infindo caminho de trevas
Olhas bem… na solitude à quem tu rezas
E quem cobre-te co’manto mortuário
Olhas quem n’amplitude vaga errante
Quando a morte te mira a fronte

“Mas inda há vida
De solidão mórbida, canção maldita
Mas inda vivo
A podridão sórdida, a vida ferida
Mas há vida”

-Vives sob a cova fria
“Mas inda ouço a melodía”
-Canto lúgubre de teu fim
“Os anjos de Deus sorriem pra mim”
-Falso deus que mente pra ti
“Deus que outrora esqueci”
-Deus que te despreza
“Mas inda há vida na treva”

“Minh’alma vaga no infindo
Vejo ao longe o guardião rindo
Foste tu, o proprio mártir
Foste tu, desgraça do porvir
Tiraste do coração o vil sentimento
Foste a solidão, desgraça do tempo
Levaste ao sepulcro o anjo ferido
Deixaste o corpo, inerte, morto
Na sombria vida de solitude
Um genio perdido

-Olhas a tua volta, teus demônios
Olhas satã cobrindo-te co’manto
Tens a vida desgraçada
Com este sangue divino apodreceste a taça
Tens a vida sob o sepulcro
Deixes o sangue escorrer de teu pulso
Vá pelo jardim do inferno
Deixes satã escrever o último verso

“Não! Inda sigo meu caminho
Inda sigo a sinfonía
Vejo ao longe um jardim ais lindo
Não há sangue no fim da poesia…”

“Quando n’amplitude uma só alma
Ante a solitude um só lágrima
E ainda há vida, há alma
Triste, ferida
Mas há um caminho
Frio, sombrio
Que ainda sigo
Inda vivo

La Madre


Poesia de Amor

Eu quero uma poesia de amor
Que não seja uma mentira
Como o vaso que te mente a flor
De plástico, sem morte ou vida

Quero sofrer por alguém
Por esperar, por saudade
Sem pensar de onde vem
Sem pensar se é verdade

Quero o verso pela belaza
Quero acreditar que amo
E crer na certeza
Diante do engano

Quero o lugar mais bonito
Além desse inferno
A poesia pelo eterno
Por além do infinito

A poesia que esconda minha dor
Que não mostre minha morte meu horror
E não me faça um poeta triste
Mas sei que como esse amor
Essa poesia não existe

Flores


Geena

Por que à mim tão cruel desventura?
Se aproxima já a hora incerta?
Ouça palavras do falso profeta
Já não vejo minha sepultura

Por que tormento tão dorido?
Crês em mim espirito imundo
Prenda-me em abismo profundo
Tal como o anjo caído

Por que uma taça da íra sobre mim?
Chegou tão esperado confronto?
Procuro a morte e não encontró
À meu lado o mais belo querubim

O lago de fogo agora tão perto
Será o senhor do exercito tão injusto?
Não vejo em mim sinal dos impúros
Por que me vem tal inferno?

Lago da Morte


A Entrada do Inferno

A tão funesta sentença
Como a santa queimando na fogueira
Deus me condena por descrença
Como o anjo caído, o deus maldito

Ao longo do jardim mais bonito
À entrada do inferno
O mais lindo camino… tão incento
Vejo o lago da norte tão perto
Sob a bruma o mensageiro perdido

Já ouço a fúnebre canção
Vejo ao longe o guardião
Mas o grito da noite quebra o encanto
O golpe da foice sobre o ancanjo

Enquanto eu caminhava com o diabo
E o anjo morto do meu lado
Ainda tenho a cicatriz do corte
De quando eu jogava cartas com a norte

Isolado em meu quarto
Isolado em meu mundo
Voando por todo universo
Vendo o infinito de perto
Me vendo vivo por um segundo

Mas hoje eu sei… perdi meu anjo
Perdi o amor… e o mais lindo demonio
E ao menos hoje eu sei que venci
Mais que um jogo de cartas
Mais que uma luta de espadas

Já tão perto o fim do camino
Já tão perto a entrada do inferno
Vejo que caminhei sozinho
Vejo que sou mais forte

Depois de um sonho eu acordei
E ao menos hoje eu sei que venci a norte
Mas amanhã…
Amanhã eu não sei.

Angeles


Alma Agonizante

Ante o tormento semptérno, busco em vão a morte
Mas o fim desta dor é também uma ilusão
Minh’alma além deste inferno, não terá a sorte
Do corpo morto em putrefação

Ante anímica agonia, que sempre se renova
A vida se perde num tétrico delirio
Deixo o corpo em lousa fria, minha cova
A alma segue o etérno martírio

Ante a desgraça da existencia, a dor de ser
Já não há crença… e assim não posso viver
Entre a vida e a morte tão distante

Um corpo decomposto ante a alma agonizante
Ao corpo liberto da alma resta o putrefato semblante
E à alma liberta do corpo resta a esperança de morrer

Cemitério


Pra Viver

Quando tudo me lembra de esquecer
Procuro me encontrar, me perder de você
Tento encontrar mas não consigo ver…
Ver em alguém um sereno olhar
Ver nas pessoas além de seus rostos mortos
E tento sair dos meus olhos
Pra que eu possa enxergar

Quando tudo se transforma num desenho confuso
A poesia morta se perde um segundo
E eu tento entender o sentido da vida
Mas a mente perdida duvida
E já não posso entender nem aceitar
E tento desesperadamente
Sair da minha mente
Pra que eu possa pensar

Quando tudo é um sentimento
Que se finda pela dor
Tento me esquecer por um momento
Seguir vivendo
Além desse amor abstrato
Do coração cicatrizado
Tento aceitar o amor
Acreditar nessa ilusão
Mas tenho que sair do meu coração
Pra que eu possa amar

Quando tudo perde o sentido
A poesia não diz mais nada
Já não há motivo
O brilho das estrelas se apaga
Procuro uma lembrança
E não ter lembrança
Pra não ter o que esquecer
Procuro a certeza escondida
A beleza perdida
Outra poesia pra ler
Mas tenho que sair dessa vida
Pra que eu possa viver

Rosa de los Vientos


Delírio

No caminho das trevas, dor e morte
Queria esquecer de minha vida
Tão perto meu sepulcro, cova maldita
Me perdi cego por uma luz mais forte

Já não sentia o demônio me esperando
Já não escorria sangue de meu pulso
Quando a luz se apaga vejo um vulto
Diante de mim um anjo me olhando

E no meu caminho o mais lindo jardim
A beira da praia, a vida amena
Um sentimento que surge pela morena
Vejo alguém olhando para mim

Mas vem a foice que me leva a sepultura
E já não sei, se tudo é só uma lenda
Se vi mesmo a linda morena
Ou foi só delírios da minha loucura

Delírio


Tempo

Como posso andar errante
Se a cada passo um espaço de tempo
E no rastro o resto de um momento
Que não passa de um instante

Como posso ser contente
Se o agora já é pasado
Se passa e ninguém sente
Porque continua parado

À um passo de um espaço sem tempo
Tudo para na minha frente
Vou tão longe e ainda aqui dentro

E o vento leva o pensamento
Que transborda da minha mente
Que voa e some de repente

Exilado


Futuro Simples

Oh futuro impetuoso
Me assusta a veemência do vindouro escuro
Peço-te clemência senhor do obscuro
Não venhas futuro impiedoso

Oh futuro ameno
Venhas extirpar a existencia vil
Abranger como um mar sereno
Apagar um pasado hostil

Oh futuro tão esperado, quase puro
Não venhas de repente o futuro errado
Inevitavel futuro injusto

Sejas um futuro simples qual abstrato
Futuro composto de sobras de um passado
Oh futuro, desconhecido futuro

El Espejo


Vida de Morte

Diante da vida de mortes
Diante da dor
Reerguida solidão
Ah.. a doentia razão
Viver em overdose
Que venha a morte então

Diante do amor, diante de alguém
Um mundo perdido, e até mesmo ao filho
A morte também
Que venha a depressão
Que venha a morte então

Diante da vida em treva
A dor, do amor se ceva
A vida destruida
Que venha a melancolía
O sangue em minha poesia
Meu sangue pelo chão

Diante de tanta dor
Há um sentimento, há um coração
Diante da vida
Há um menino e sua poesia
Que venha a morte então

Nada


Passado Imperfeito

As flores também morrem
O que parece ajudar
É só uma ilusão, momentos em vão
Se perde nesse lugar

A morte paira no ar
Vidas aparecem, logo somem
Esse instante eu não posso eternizar
Nem mudar o que houve ontem

O minuto que estive do teu lado
A noite fria, o céu estrelado
É só um momento, perdido no esquecimento
Como o corpo sepultado

E eu amava, amava no passado
Imperfeito ou mais-que-perfeito
Qualquer um está errado

As flores também morrem
E a mais bela rosa também está morta
E até os mais belos olhos
Brilham mais quando estão mortos

Mas amanhã
Quero estar num mundo distante
Onde as flores não morrem
E tudo dura mais que um instante

Deserto


Meu Bom Inferno

Eu estava sozinho em meu quarto
Inventando meu mundo… longe de todos, de tudo
Eu não estava perdido, sabia o que queria
Criava sonhos, demônios… a melancolía
Eu tinha minha morte, minha poesia

Estava feliz por estar triste
Acreditando em tudo que não existe
Um amor inventado, o amigo diabo
Criava o pecado e o sagrado

Mas agora estou perdido
Em um mundo verdadeiro, de pessoas falsas
Ainda sozinho, fugindo
Das coisas reais, desses normais
Que acreditam em sagrados mitos
E não acreditam nas verdades que minto

E dizem que sou diferente, sou doente
Então me escondo na minha loucura
Numa eterna noite escura

Onde eu vejo as estrelas de perto
E tento voltar pro meu mundo
Meus demonios
Meus bom inferno

o muro


Poeta Satírio

Arraste-te, poeta, à tua cova
Não vês que é só teu este caminho
Eles não te levarão de tua alcova
Irás à teu sepulcro sozinho

E pelas ruas da urbe maldita
Resta-te os últimos versos escritos
E vãs folhas tão logo apodrecidas
Na mesma terra de teu corpo apodrecido

E sepulta-te, poeta, entre estes lírios
Flores tão mortas quão tua poesía
Quão tua vida em angustia e martírio

E finda-te sob tua lousa fria
Aqui te finda a poesia sombria
Aquí jaz o Poeta Satírio